Segundo dia...
Sábado, 21 de Janeiro de 2012
Combinamos não chegar cedo demais, pois nada haveria para
fazer, mesmo assim às 7:30h da manhã já estávamos no terreno...
O dia estava lindo, o sol se exibia em todo o seu esplendor
e a temperatura logo começou a se elevar...
Felizmente aquela pequena árvore nos deu certo abrigo
enquanto falávamos sobre as expectativas da obra...
Embora estas fossem imensas, por volta das nove horas da
manhã o assunto estava esgotado e a ansiedade que as madeiras ou o tratorista chegassem
começou a tomar conta de nós...
O telefone toca...
Era Marcela da madeireira...
Se calhar necessitava de mais informações sobre o local de
descarga...
Aqui é um pouco complicado de se chegar...
Depois de nos cumprimentarmos a notícia surgiu:
- Não iam poder fazer a entrega porque o caminhão não tinha
conseguido efetuar todas as entregas do dia anterior e como tal, só
segunda-feira a nossa mercadoria poderia ser entregue...
Meu Deus que catástrofe...
O material estava chegando e eu não tinha onde guardá-lo...
O universo estava conspirando contra mim...
Ou será que alguém
andou fazendo alguma macumbinha?...
Neste Brasil há que pensar em todas as
possibilidades...
Depois de tomar dois copos de água bem gelada para acalmar
os ânimos, resolvi começarmos a furar as placas de MDF para ocupar um pouco a
mente e escoar as tensões...
Até a máquina de furar estava contra nós e declarou-se arruinada
após os primeiros furos...
Se carma existe, eu devo ter sido uma peste na minha vida
anterior...
Tudo isso e o admirável sol, é claro,
tinha aumentado em
muito a minha temperatura e suava em bica...
A fim de evitar o ataque cardíaco eminente, resolvi ir ver se
o tratorista tinha dado as caras...
Um pouco do ar condicionado do carro com certeza me faria
bem...
Enquanto o encarregado José, arrumava as ferramentas e a decrépita furadeira, dirigi-me até ao carro...
Outra agradável surpresa...
Não consegui entrar tal o calor
que dele imanava...
A muito custo liguei o motor e o ar condicionado e aguardei
do lado de fora que a temperatura daquele forno atingisse valores
suportáveis...
Bem... Uma coisa pelo menos positiva aconteceu...
O calor do dia estava tão elevado que a água do suor rapidamente se dissipou e deu lugar a uma sede angustiante...
O calor do dia estava tão elevado que a água do suor rapidamente se dissipou e deu lugar a uma sede angustiante...
Aquele lugar selvagem estava-me afetando...
Isto eu não tinha previsto isto em todos aqueles cenários no
computador...
Para quem já não lembra, eu conto de novo:
Se colocarmos um sapo numa panela com água fria e a
aquecermos muito lentamente, o sapo não sai, nem tenta sair e acaba morrendo
cozido... Sempre achando que dá para agüentar...
Eu estava-me sentindo aquele próprio sapo... rss...
É claro que nesses momentos de pura reflexão negativa, também
me lembrei das milhares de mortes (35
a 50 mil) ocorridas na Europa durante a onda de calor em
2003...
Às vezes a cultura atrapalha...
Voltando...
Quando a temperatura do carro baixou do nível de cozimento,
lá fui eu dar uma volta pelo condomínio para ver se o tratorista estava fazendo
algum trabalho em algum lugar recôndito, até que cheguei à portaria, onde a máquina
retro escavadora jazia impávida e serena alheia a todos os meus sentimentos de
raiva...
Já eram dez e meia e o mentiroso do tratorista não tinha
aparecido...
Voltei para pegar o José e voltamos para casa...
Um denso silêncio
tomou conta do carro durante todo o caminho...
É claro que a voz da minha mulher teimou em ecoar vezes sem
conta em meu toldado cérebro:
- Filipe porque te vais meter de novo em obra?...
Porque não
continuas trabalhando tranquilamente
em casa e deixa isso para os mais novos?...
Chego em casa e vou descansar...
...
Português sonhador sofre...
Mas quanto maior o sofrimento, maior a glória...
Contando que sobreviva é claro... rss...
Não percam as novas aventuras...
O português sonhador sobreviverá?...